Centro Olímpico de Tênis

Ficha Técnica:

Local: Rio de Janeiro/RJ

Cliente: Ministério do Esporte

Construtora: Consórcio ITD – Ibeg Engenharia e Construções Ltda, Tangran e Damiani

Segmento de obra: Estádio e Cultura

Projeto arquitetônico: Gerkan, Marg und Partner

Projeto estrutural: Antonio Monteiro e Charles J. R. Hipólito

Volume de concreto (m3): 4.519

Conclusão da estrutura: Outubro/2015

Elementos de concreto pré-fabricado: Vigas, pilares, painéis alveolares, lajes alveolares, escadas, bancos de arquibancadas.

O Centro Olímpico de Tênis, localizado no Parque Olímpico do Rio de Janeiro, é um conjunto de instalações projetado para a prática de tênis e vôlei de praia. Construído para os Jogos Olímpicos de Verão de 2016, trata-se de uma arena circular com diâmetro de 120m, área de 23.000m2 e com capacidade para acomodar até 10.000 espectadores. 

Antonio Monteiro, engenheiro civil responsável pelo projeto estrutural, juntamente com o engenheiro Charles J. R. Hipólito, explica que o projeto do Centro Olímpico de Tênis foi concebido por eles a partir de uma solicitação do Consórcio ITD, que é formado pelas empresas Ibeg Engenharia e Construções, Tangran e Damiani, vencedor da concorrência para a execução das obras do empreendimento.

Originalmente, o projeto executivo foi fornecido pela Empresa Olímpica Municipal, que foi desenvolvido pela empresa alemã GMP, e Antonio detalha que o projeto previa uma estrutura moldada in loco, com lajes planas em seus níveis intermediários ligadas a paredes de enrijecimento. A partir dessas lajes, a estrutura dos quadros de apoio se desenvolveria e teria como elementos estruturais marcantes duas linhas de pilares inclinados, os quais sustentariam as arquibancadas e o nível de acesso a elas.

Apesar dos esforços das empresas envolvidas nos projetos e no gerenciamento das Arenas Olímpicas, os prazos licitados implicavam uma construção de curto prazo e traziam consigo problemas referentes a algumas das concepções adotadas. Não é comum, como esclarece Antonio Monteiro, adotar um esquema construtivo in loco para uma arena esportiva. O primeiro ponto crítico é o prazo, que tende a ser significativamente maior em comparação ao uso de pré-fabricados. Outro aspecto relevante é a uniformidade dos acabamentos, que no sistema pré-moldado apresenta um controle mais rigoroso, além de proporcionar maior racionalização dos métodos executivos e redução de custos. Esses fatores fazem com que, atualmente, praticamente todas as arenas esportivas sejam construídas com soluções pré-fabricadas.

No caso do Centro Olímpico de Tênis, tendo em vista o sistema que havia sido concebido originalmente, “haveria um momento da obra em que toda a arena teria de estar completamente escorada em todos os níveis”, explica Antonio. Foi neste ponto que ele e Charles Hipólito iniciaram a participação no projeto, e o primeiro conta que tiveram de garantir que a solução original de estrutura moldada in loco fosse preservada na adequação para pré-fabricada, e ainda teria que respeitar as mesmas condições de níveis de pavimento, pé-direito, curva de visibilidade e operacionalidade. Tendo em vista o prazo exíguo e a data inalterável da abertura das Olimpíadas, este desenvolvimento teve de ser executado em paralelo com a execução da obra. Além disso, foi preciso desenvolver, juntamente com o construtor de fundações, o professor Davi Cabral, uma alternativa para o sistema de fundações em estacas Fraklin, “a qual já havíamos identificado como inviável pela dificuldade de velocidade de avanço naquele terreno”, Antonio ressalta.

Antonio e Charles já haviam trabalhado no projeto de concreto e fundação da Arena do Futuro (o Estádio Olímpico de Handebol, também executado pela Cassol Pré-Fabricados) e também nas estruturas construídas para os Jogos Pan-Americanos de 2007. Eles tinham, portanto, um conhecimento sólido a respeito das condições do terreno, uma vantagem que os permitiu uma rápida avaliação da situação e a definição pela mudança das fundações para estacas do tipo hélice contínua. Como solução para a superestrutura, Antonio ressalta que foram mantidas as cadências de pórticos adotadas no projeto original, criando-se, assim, “uma estrutura aporticada em quadro rígido” que oferecia a estabilidade e a rigidez necessárias ao conjunto da arena que, anteriormente, utilizaria para o mesmo fim as paredes de enrijecimento.

Antonio enumera três pontos críticos principais para a transformação: a manutenção das dimensões médias, incluindo as formas dos pilares inclinados e os níveis básicos da estrutura sem comprometer a estabilidade; a solução de não interferência do primeiro nível de banco da arquibancada no nível inferior, garantindo a curva de visibilidade; e a preservação dos volumes de concreto da estrutura – o mais próximos possível do projeto original –, considerando que o empreendimento não poderia ter acréscimos de custo devido a mudanças no sistema executivo.

O pórtico, por sua vez, incluía duas linhas de pilares básicos para esse quadro, de onde, a partir do nível de acesso às arquibancadas, uma dessas linhas ganhava uma inclinação de aproximadamente 30 graus e onde seria apoiada a viga-jacaré de suporte da arquibancada. Dados os processos de produção e transporte, esse pilar teria de ser transportado e montado em dois segmentos. 

Antonio salienta que a execução da estrutura pré-moldada já havia sido definida e contratada com a Cassol Pré-fabricados, “empresa extremamente experiente e competente na produção de estruturas pré-fabricadas de diversos tipos e nossa parceira antiga em diversos empreendimentos”. Isso permitiu, ele destaca, “um trabalho extremante proveitoso e [feito em] conjunto”, pois a concepção das soluções e os detalhamentos foram desenvolvidos “com facilidade” e foi possível aproveitar “toda a expertise da mesma nas montagens e as possibilidades dos equipamentos disponíveis para a montagem e produção”. O corpo técnico da Cassol, de acordo com o engenheiro civil, “apresentou um espírito de parceria e colaboração que permitiu que o resultado final da obra fosse o melhor possível”. 

Todo o conjunto estrutural foi testado para efeitos de vento, o que atende às condições de estabilidade no estado limite de utilização, com níveis de vibração das estruturas dentro do que é considerado confortável para o público, com ou sem o efeito associado do vento. Para combater o esforço radial de tração na extremidade superior, comum a estruturas desse tipo e que tende a resultar na abertura do anel superior, optou-se por utilizar um vigamento metálico fixado na cabeça dos pilares extremos de forma a equilibrar o esforço. Como pontua Antonio, este é um “bom exemplo de que estruturas devem ser resolvidas como a melhor opção para a necessidade que se apresenta, e não simplesmente pela adoção de um sistema executivo único, neste caso a estrutura metálica não só era a melhor solução, como também complementou perfeitamente a solução pré-fabricada de concreto”. 

Conclui-se, ao final, que a comparação dos volumes totais da obra revelou que a solução em estrutura pré-moldada ultrapassou o volume original da estrutura moldada in loco em menos de 7,5%. Essa variação é considerada bastante positiva, especialmente em transposições desse tipo, já que é natural que o sistema pré-moldado apresente um volume maior devido às suas características de montagem.

A estrutura final entregue, Antonio observa, “passou com louvor em seu maior teste, que foram os Jogos Olímpicos Rio 2016, onde, sob todas as condições plenas de utilização de público e climáticas – pois ocorreram incidências de ventos altíssimos durante o evento – a mesma se comportou dentro das melhores condições de operação, conforto e segurança, constatando a qualidade da engenharia brasileira implementada e seu projeto e execução”.