Pátio Cesari

Ficha Técnica

Local: Cubatão/SP
Cliente: Cesari Empresa Multimodal Movimentação
Segmento de Obra: Armazém e Agronegócio
Projeto arquitetônico: Antonio Vilete
Projeto estrutural: Alexandre Felix
Volume de concreto (m³): 5.060
Conclusão da estrutura: Julho/2020
Elementos de concreto pré-fabricado: vigas, pilares, painéis estruturais alveolares, painéis maciços e telhas protendidas.

A obra do Pátio Cesari, em Cubatão (SP), contempla uma base de armazenagem de materiais de grande porte e uma região de pátio onde acontece a movimentação de cargas. Foram utilizadas vigas, pilares, painéis arquitetônicos de fachada estruturais alveolares e maciços e telhas protendidas que cobrem os 24 mil m2 de cobertura do armazém.

“A pré-fabricação desempenhou um papel crucial na obra, contribuindo significativamente para a redução de resíduos e, consequentemente, promovendo a sustentabilidade da construção”, afirma Alexandre Felix, engenheiro responsável pelo projeto estrutural. Ele explica que outro benefício claro do uso de pré-fabricados foi a velocidade de execução. “Especialmente devido à complexidade da obra, que incluiu duas linhas de trem passando sob a cobertura de concreto e entre as linhas de pilares pré-fabricados”, justifica.

Este ponto representou um desafio, devido ao limite de comprimento das peças. Foram necessários diversos estudos para aprovar a locação de pilares. Isto porque eles deveriam ser posicionados entre os dois trilhos de trem da operação do cliente, considerando, ainda, uma limitação da seção do pilar e do bloco de fundação, que dificultou a compatibilização devido ao fato de o traçado dos dois trilhos serem próximos. “Com a utilização de vigas pré-tracionadas, foi possível vencer grandes vãos na cobertura, garantindo agilidade e segurança na execução, mesmo com o trânsito contínuo de trens durante a operação”, explica Alexandre.

Para além da questão da redução de resíduos e velocidade na execução da obra, a escolha pelas estruturas pré-fabricadas também se deu por fatores operacionais e técnicos. “A região em questão está classificada com classe de agressividade IV, o que significa que uma estrutura metálica se deterioraria rapidamente devido às condições ambientais adversas”, esclarece Alexandre. A alternativa de concreto moldado no local, apesar de durável, exigiria mais tempo para execução, segundo ele, o que não era viável considerando o prazo restrito do projeto. Assim, optou-se pelas estruturas pré-fabricadas protendidas pelos fatores já listados e pelo controle rigoroso de qualidade que envolve a fabricação delas.

Outro ponto de destaque, Alexandre comenta, foi a drenagem pluvial: “com uma área de cobertura de 22 mil metros quadrados e uma calha central que recebe a água de duas águas de telhado – uma de 88 metros e outra de 73 metros de extensão –, desenvolvemos vigas-calha de concreto com 90 cm de base e 1,3 m de altura. Essas vigas possuem pequenas nervuras superiores para evitar deformações e, além de funcionarem como calha, garantem o travamento dos pilares centrais e suportam telhas de concreto de 20 metros de comprimento em cada lateral”. A água pluvial é, então, conduzida por pilares de 90X90cm com dutos internos e descarregada em estacas de concreto de 60 cm de diâmetro, que direcionam o fluxo para o sistema de drenagem da obra. “Essa solução integrada foi essencial para atender às exigências técnicas e operacionais do projeto”, pontua.

Tecnologias de ponta foram adotadas em todos os passos, desde o projeto até a fabricação e montagem das peças pré-fabricadas. “Entre as inovações utilizadas, destacamos o concreto autoadensável, que foi empregado para melhorar a qualidade e o desempenho da estrutura. Esse tipo de concreto foi fundamental, considerando as exigências do projeto, que envolvia a resistência a materiais agressivos utilizados na produção de fertilizantes, os quais podem afetar a durabilidade das armaduras de aço”, complementa o engenheiro. Fertilizantes estão entre os insumos armazenados no Terminal.

O tratamento das telhas e calhas representou uma solução diferenciada. Foi utilizado um aditivo cristalizante, especial para a proteção do concreto. Alexandre detalha que “esses cristalizantes desencadeiam uma reação química no concreto, promovendo o fechamento progressivo dos microporos entre os agregados, a armadura e o cimento”. Devido à extensão do telhado, a viga calha apresentou uma seção robusta e recebeu travamentos no topo, com segunda concretagem de pequenas vigas para evitar que a calha abrisse. Por fim, outra solução inovadora foram as armaduras expostas no pilar para incorporar a sapata e diminuir a altura de engastamento dos pilares, subindo as sapatas e afastando do nível de água.